27 outubro 2009

O anjo e a menina dos caracóis

Era uma vez uma menina, de caracóis soltos ao vento, que parecia uma borboleta, pousando de flor em flor. Com o sorriso que sempre lhe enfeitava o rosto alegrava todos os que a rodeavam, mas tinha uns olhos tristes porque a sua alma estava desalentada. Um dia, num dos seus passeios, sentiu um suave toque no ombro. Olhou em volta e, a princípio, não viu nada. Mas era curiosa, olhou melhor, com mais cuidado e descobriu um anjito lindo e simpático, com um sorriso aberto, que a fitava com os seus olhos doces como o mel. Ela ficou maravilhada com a doçura daquele olhar e o gelo que lhe esfriava o coração começou a derreter. Ela já não conseguiu mais despegar-se daquele sorriso quente que lhe encantou a alma. A partir daí o anjo e a menina começaram a estar sempre bem juntinhos. Ela sabia que, mesmo quando não o via, ele estava por perto e tomava conta dela. E o sorriso no seu rosto começou a iluminar-se, o seu coração ficou cheio, quentinho, vivo. Um dia falou com ele, meio marota no meio de tanta felicidade: - Estou apaixonada, sabias? - Não. Então como foi? - perguntou o anjo. - Olha, nem te sei dizer...- respondeu - foi assim: um anjito andava a passear e encontrou-me. - Olha que giro! E que aconteceu? Como tem corrido? - Tem corrido bem. Ele é um anjito muito querido! - Ainda bem. Mereces ser contemplada com os pózinhos mágicos do anjinho. - Pois, parece que sim. E ele tem sempre desses pózinhos mágicos para mim...Sabes? Penso que ele também estava cansado de tanto voar em vão e assim repousa as asitas. Quer dizer, encontrou um sítio bom para pousar, penso eu. - Então quer dizer que o teu anjito está cansado e encontrou o porto de abrigo no teu corpo? Ou na tua alma? - Nos dois. - Nos dois? Que anjo guloso, fica quietinho a repousar, a receber mimitos de ti e pronto...olha se eu fosse a ti dava-lhe nas asas. - Mas eu não dou, deixo-o ficar bem sossegadito. Gosto de senti-lo em mim. Ele dá-me paz e trouxe-me a felicidade de volta. - Tinhas perdido a tua felicidade ou estiveste escondida com medo do mundo? - Não estive escondida. A felicidade é que não é fácil de encontrar por aí. - Claro que é minha querida, por vezes somos nós que andamos de olhito fechado. Por isso existem esses anjitos que, também na sua incessante procura de paz, essa que só se adquire através da felicidade, nos encontram, e aí passamos os dois a desfrutar do mais pleno sentimento, a subida ao cume da vida, através do mais bonito caminho que possas imaginar...a estrada do amor. E este diálogo continuou, interminável, em todos os momentos... Às vezes, o anjito subia às nuvens e permanecia calado. Isolava-se e nem sempre permitia que a menina o sentisse como sempre acontecia. Nessas alturas ela ficava amargurada, triste...sentia-se só e chorava. Mas sempre acreditava que ele voltava e essa sua fé sempre a recompensou porque ele retornava, cada vez mais doce, mais amigo, mais presente, iluminando a sua vida com uma luz pura e alva. E assim foi como tudo aconteceu, ela ficou com o seu anjito, passeia com ele no infinito do azul celestial da felicidade, passa pelas tempestades sem medo, os relâmpagos e os trovões são as luzes da sua disco privada onde dançam a eterna dança de dois seres ligados para sempre, por um sentimento que ninguém consegue destruir, simplesmente porque só os eleitos o sabem sentir e desfrutar... E o anjinho, que amava a menina com um amor imenso, puro e sincero, entregou-lhe o coração para que ela dormisse sempre quentinha. Ela trocou com ele, entregou-lhe também o seu e nunca mais se separaram, desde que há memória até aos dias de hoje. E creio que irão continuar sempre juntos pelo infinito dos tempos, esta menina de caracóis soltos ao vento e o anjito lindo e simpático, de sorriso aberto e olhos doces como o mel...porque a menina acreditava nos anjos e o milagre do amor tocou o coração deles.

25 outubro 2009

O que os olhos não vêem...

Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital. Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos seus pulmões. A sua cama estava junto da única janela do quarto. O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas. Os homens conversavam horas a fio. Falavam das suas mulheres, famílias, das suas casas, dos seus empregos, onde tinham passado as férias... E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as coisas que conseguia ver do lado de fora. O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a actividade e cor do mundo do lado de fora da janela. A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma ténue vista da silhueta da cidade podia ser vislumbrada no horizonte. Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava as pitorescas cenas. Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar. Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a retratava através de palavras bastante descritivas. Dias e semanas passaram. Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos e encontrou um corpo sem vida. O homem perto da janela tinha falecido calmamente enquanto dormia. Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo. Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca. Depois de se certificar de que o homem estava bem instalado, a enfermeira deixou o quarto. Lentamente e cheio de dores o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora. Fez um grande esforço e lentamente olhou para o lado de fora da janela que dava, afinal, para uma parede de tijolo! O homem perguntou à enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela. A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede. Talvez quisesse apenas dar-lhe coragem... Moral da História:
Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas. A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando partilhada, é dobrada. Se te queres sentir rico, conta todas as coisas que tens que o dinheiro não pode comprar.
" O dia de hoje é uma dádiva, por isso é que o chamam de presente." Mais uma "estória" da história da Vida, caminhos, encontros...surpresas: a Felicidade chega numa bola de sabão feita sonho de algodão! E como é bom levá-la a outro Coração...!