28 junho 2009

Uma Vida Entre Vidas


O serpentear branco do fumo sai da ponta dos meus dedos e eleva-se no ar à minha frente.
Olho os instantes-infinitos-espaços que os olhos não vêem e embrenho-me na tua imagem que paira na minha mente que, como elo principal, agrega todos os instantes vividos, pensados, sonhados, planeados...
Alegro-me nas tuas vitórias e entristeço-me nas tuas dores, anseio um porvir que te poderá lançar na estrada real idealizada da vida, desembaraçada dos nós que a tolhem, mesmo sabendo que essa estrada te poderá afastar...numa distância que não sei onde te levará... e, no adiamento do tacto, aumentará a força da vontade de estar.
Enleio-me mais ainda nos fios tecidos de harmonia e com eles construo a ansiada prisão onde sou completamente livre.
Só tu existes, tudo o resto é fantasia, e vou, mergulho fundo neste mundo que desenho nos meus olhos e me abarca inteiro o pensamento. Desfruto o sabor do jardim plantado com preceito, vivo as palavras em actos despojados de preconceitos, pratico a verdade num universo de mentira e construo, em pleno caos, uma morada segura.
Toco-te na mais doce melodia das mãos e perco-me no desejo do amanhecer com o sol nos teus braços e adormecer afundada no luar dos teus olhos.
Dou, conheço, arrisco, aprendo sempre, rompendo o cómodo lugar do amorfismo. Dedico-me plenamente, face à indiferença e à ignorância, despojo-me dos receios e visto-me de viver, vencendo barreiras, munida da serenidade da certeza.
Entrego-me completa, envolta nas roupagens reais da felicidade alcançada a cada instante que perdura.
Risco uma vereda florida pelo meio do asfalto, nasço uma vida entre vidas e ergo um Mundo cheio de tudo, neste universo de nada.

21 junho 2009

Abraçam-me As Palavras


Imersa neste mundo de loucura circense, as tuas palavras abraçam-me, acolhem-se em mim, envolvem-me e enfeitam-me com laços coloridos de ternura.
Palavras de sabedoria e tranquilidade que me ensinam a encontrar os contornos certos quando os traços parecem nebulosos e impedem um desenho perfeito. Letras que me ajudam a pensar e a Ser cada dia mais Eu.
Tacteio o carinho do teu olhar e, num ímpeto profundo, quero desfazer-me em ti.
Deslizo no manto envolvente das tuas mãos e cubro-me com a tua pele sedosa, que me desperta e abrilhanta em raios de sol da alvorada.
De olhos bem abertos vejo-te em meu redor, mergulhados neste universo único que criámos e que alimentamos em cada página de vida que escrevemos a dois, sempre presentes, sempre Nós.
Ressoam de nós os ecos deste imenso querer que, embatendo nas paredes duras do mundo, se recolhem na dimensão onde existimos e que só a nós pertence...O Amor!

19 junho 2009

Ecos No Silêncio


Vôo pelos meus pensamentos mais íntimos e vejo que tudo só é inteiro nos meus sonhos secretos.
No silêncio das horas que não são escuto o eco do vazio deste tempo morto.
Tempo que me dá e tempo que me tira. Tempo com que já lutei mas que agora apenas me entristece profundamente na falta de tanto que não me dá.
Não quero...mas lanço os olhos p'lo tempo que virá e assusto-me com o que não sei mas que a vida me faz prever.
E marcam presença aquelas certezas que não quero...mas que vivem no limbo da minha razão, ecos do pessimismo que amordaço mas que, em certos tempos, se liberta e ganha terreno no desenho da vida...

14 junho 2009

Terapia do Elogio


Estudos recentes revelam que os membros das famílias estão cada vez mais frios, o carinho deixou de existir, não se valorizam as qualidades e as críticas são quase permanentes.
As pessoas estão cada vez mais intolerantes e desgatam-se a valorizar os defeitos dos outros.
Por isso muitos relacionamentos hoje não duram.
Já não se vê os homens a elogiar as suas mulheres ou vice-versa, os chefes não valorizam o trabalho dos subordinados, pais e filhos não se elogiam.
Só vemos pessoas fúteis a valorizar artistas, cantores e outros, que usam a imagem para ganhar dinheiro e [falso] prestígio. Claro que, por consequência, estas pessoas sentem a obrigação de cuidar da sua aparência exterior, desvalorizando o que é mais importante.

Esta ausência do "elogio" afecta muito as famílias e qualquer outra relação entre as pessoas.
A falta de diálogo, o excesso de orgulho... impede as pessoas de dizerem o que sentem.
Acabam com os seus casamentos e procuram noutras pessoas o que não conseguem dentro das suas casas.
Vamos recomeçar a valorizar a nossa família, os amigos e todos os que connosco convivem todos os dias. Vamos elogiar o profissionalismo, a ética, a beleza, a perseverança, o bom senso e todas as qualidades que podemos observar nos outros.
Vamos ter o cuidado de observar o que as pessoas gostam. Todos nós gostamos de ser reconhecidos e valorizados.
Como seres humanos, é impossível vivermos sozinhos e os elogios verdadeiros que recebemos são parte da motivação para que, face à realidade dura que temos de enfrentar, consigamos levar em frente os nossos projectos de vida.
Quantas pessoas conseguiremos tornar mais felizes se as elogiarmos por alguma coisa boa que façam?...

06 junho 2009

No Silêncio...


No silêncio
do meu silêncio falado
dançam letras e imagens,
digo palavras que não digo,
canto tudo que não é cantado.
Sonho sonhos que não sonho
Percorro caminhos a voar
e grito a plenos pulmões
o grito que não posso gritar.

Sonho noites de Verão,
almofadas de jasmim,
suaves leitos de Primavera
com alvos lençóis de cetim.
Colho palavras de dor
essa que queria apagar
deitada no meu regaço
e com as minhas mãos sanar.

Sonho letras doutras letras
palavras, sílabas de amor
recantos, encantos, fascínios
num só canto acolhedor.
E vou...
corro em braços de ternura
enleio-me em lábios de mel
mergulho em beijos molhados
que me matam a secura.

No silêncio
do meu silêncio falado
pelo meio do céu estrelado,
canto a nossa canção
onde a tua voz é o tom
que me envolve a alma e me guia
me aconchega e dá alegria
e enche o meu coração.

Grito...forte e profundo
este grande Amor tão fundo
tão grande que chega a doer.
Que se vive a cada instante
E cresce nos braços do tempo
para no infinito renascer.

No silêncio
do meu silêncio falado
vivo num mundo encantado
feito de lua e magia
que brilha em cada acordar
E em cada despedida
serena mas sempre sentida
eu conjugo o verbo Amar!

04 junho 2009

Morte

Algumas vezes penso em como há situações em que quaisquer palavras são absolutamente inúteis e pateticamente insignificantes. Existem realidades tão crueis quanto aparentemente sem justificação, que nos deixam bloqueados, de cérebro parado e ideias congeladas...
A morte, única e absoluta certeza que todos temos logo que nascemos, é a pior delas todas. Em qualquer circunstância e em qualquer idade...mas em especial quando a vida mal começou a ser vivida!
Já nem questiono "justiças" ou "injustiças", habitualmente imputadas a Alguém "Superior",  assim como já não questiono porque tantos passam por aqui num constante "cor-de-rosa e bolas de sabão" e outros são permanente e dolorosamente provocados, já o fiz e nunca encontrei resposta. Apenas e tão somente questiono o porquê. Qual é o sentido de tudo isto...desta interrupção abrupta de um tempo primaveril sem qualquer causa aparente.
Em última análise acabo sempre por pensar que o porquê último e maior está em todos nós, nas micro e macro sociedades que construímos e em que vivemos, nas quais investimos tão pouco de nós e que deixamos ser regidas por valores de alguma forma materialistas que as tornam frágeis e podres, em vez de darmos tudo por tudo e as transformarmos em verdadeiras sociedades de valores humanos...Em última análise, o pior mal de todos somos nós, Humanos, que desperdiçamos o tempo que nos é concedido em tanta coisa inútil e mesquinha, nos preocupamos com futilidades e deixamos de lado o verdadeiro sentido da vida, os sentimentos, a afectividade, os valores.
O facto é que esta dura realidade cai em cima de muitas pessoas e lhes tolhe a vida por inteiro, às que partem em definitivo...e às que ficam, que se interrogarão em todos momentos...Porquê?
A todas aquelas que já se confrontaram com ela, "A Morte", a pegaram  pelos cornos e deram a "volta por cima", não permitindo que essa p*** as matasse vivas, a minha homenagem, humilde e insignificante...mas sincera. Sei quanta força é necessária, quanta coragem, quanto amor à vida é preciso ter para não se ser derrubado para sempre...

01 junho 2009

Perguntaste-me Porquê...

...E, num tempo em que as palavras se submetem a outros sons, as mãos falam e a junção das peles respira a completa simbiose dos sentidos, fugiram-me todos os significados e emudeci neste pleno diálogo de tacto e sabor, numa timidez que me tolhe a razão, dando-te a resposta mais incompleta possível. Uma resposta que fica aquém de todas as respostas, essas que só se tornam sentido no nosso Universo de Sentir, num "Para Sempre" imenso de Amar e Querer, na infinita e absoluta certeza da união imensa que nos liga e da afinidade que alcançámos que nos revestem de uma força imbatível, onde espaço, tempo, geografia e qualquer obstáculo são meros pormenores que apenas nos conseguem aproximar ainda mais.
Calando as bocas com beijos molhados, solta-se um riso feliz do silêncio murmurante dos corpos, no urgente e total desvendar de segredos só nossos, em que no outro nos esquecemos de nós e nos vivemos em pleno numa dança onde cada volteio retrata o êxtase da erupção dos rios que soltamos.
Passeias-te na minha pele, envolves-me na doçura dos teus lábios, desvendas-me a cada movimento dos teus dedos e tomas-me completa, enquanto eu me absorvo de ti e gravo no meu corpo cada gota das tuas mãos e cada toque da tua boca, que perduram em todos os futuros.
Numa linguagem sem vocábulos que a consigam traduzir, envolve-nos suavemente o manto da idílica pintura perfeita onde os olhos em sintonia escrevem palavras que só se podem traduzir num "Amo-te" profundo e mútuo sem limites ou condições.
E é essa a resposta completa, esse "Amo-te" profundo, perdido deste mundo mas neste mundo vivido, que nos envolve sem contornos, nos mistura em nós, nos faz perder do mundo em alegrias desenhadas nos sorrisos, nas respirações ofegantes sussurradas aos ouvidos, nos aromas âmbar dos néctares de Amor. Descobres-me sempre!
Agora, aqui, nestas palavras que te direi ao ouvido, tens a tua resposta, a nossa resposta, o porquê de todos os porquês, a envolvência do calor dos corpos que se aquecem no frio dos Invernos, uma aconchegante morada de ternuras e afecto povoada de ontens, hoje e de todos os amanhãs que já vivemos e que prosseguirão nesta estrada em que proibimos a marcha atrás e que se estende pelo universo infinito do Amor!