28 dezembro 2009

Até Quando...

Lá fora a terra uiva gritando ferozmente as feridas no seu âmago infligidas pela loucura dos Homens que placidamente passeiam se beijam e se odeiam num pântano de podridão... Por companhia a solidão, por alimento a tristeza... Arrastam os seus passos pela estrada, tristes e curvados sob o peso da maldição... essa que plantam todos os dias com a cegueira, de não querer ver pelo prazer de ter... Não olham aos meios para alcançar os fins, sugam almas e matam inocentes... Tristes seres decadentes, triste civilação que caminha para o fim. Loucura, insanidade, doença... Até quando!

22 dezembro 2009

Uma História de Natal

Lembro-me de, bem pequena, passar a noite quase em claro à espera do primeiro raio de claridade que anunciava aquele dia mágico. Logo ao alvorecer voava direita à chaminé e deliciava-me a desvendar os mistérios escondidos atrás dos papéis e laços coloridos, mesmo até quando alguns já tinham sido deslindados em espreitadelas furtivas pela porta entreaberta de um armário quase sempre bem fechado. "Ohs! e "Ahs!", risos alegres e olhos brilhantes em rostos suaves eram contemplados pelos mais velhos, que denunciavam a sua emoção embevecida nas pequenas lágrimas que teimosamente insistiam em humedecer-lhes os olhos. Não havia árvore de natal nem enfeites brilhantes, apenas a humildade de um pequeno presépio iluminado pelas luzes trémulas de pequenas velas, mas aquela atmosfera transpirava amor e afecto. Nunca importava realmente o que era descoberto dentro dos embrulhos vistosos, o que me fazia sentir bem era aquela ambiência de "Lar" que me envolvia docemente num apertado abraço e que guardarei para sempre no meu coração. Durante muito tempo tudo prosseguiu igual e tradição e significado permaneceram bem acesos, mesmo em tempos difíceis que se viveram. Anos depois tudo se desmoronou quando estes dias, em vez de mais unirem pessoas, almas e corações, obrigavam a escolhas difíceis, opções de sentimentos e, numa encruzilhada onde nunca era fácil saber qual o rumo a seguir, alguém sempre se tinha de deixar para trás e se seguia dividido e incompleto. Nunca nada voltou a ser igual, embora chegassem tempos de semelhança quando novas faces brilhantes, de olhos ávidos, devoravam, impacientes, as luzes que brilhavam e dedos teimosos esburacavam os papéis em tentativas de descoberta. Mas parece que tudo se foi...Hoje, ressaltam risos, tristezas, gargalhadas e lágrimas solitárias, numa amálgama de emoções contraditórias que não permitem a felicidade plena. ...o "Dar" fica amarrotado e sai desafinado, como uma viola velha e maltratada pela humidade dos tempos, assemelhando-se ao mero cumprimento formalizado daquela obrigação a que não podemos fugir. As presenças são marcadas pela obrigação ou por não existir opção. Sentem-se no ar revoltas e amarguras ...e os estragos na alma que se exige "perfeita" começam a ser irreparáveis... E quando apenas se quer paz e harmonia, o coração parte-se... Uns pedaços, chorando, acompanham quem, na distância, sempre se mantém presente mesmo quando, querendo sem querer, segue noutra viagem ...outros ficam, quebrados, doridos e cansados, querendo apenas o aconchego quente e repousante do silêncio, o alumiar suave da pequena vela que simboliza uma enorme luz que brilha, sempre crescendo, no coração...

18 dezembro 2009

Fazes-me Falta

Lá fora a chuva persiste em cair e tornar esta noite mais uma das gélidas noites de Inverno em que revolvo o leito e me afundo nos teus traços e no teu aroma que perduram nos vincos da minha pele como uma manta quente que me cobre, tal como o teu corpo me aquece e envolve quando nos perdemos nas viagens intermináveis dentro de nós. O som suave das melodias que me ofereces embala-me os sonhos que me levam longe, onde no silêncio das tuas mãos e nos gestos calmos do teu olhar eu me sinto viva. Nos contornos da nossa vida eu renasço e me transformo, ganho luz e calor, broto, florescendo, em suaves matizes coloridos de cada instante primaveril. ...E esta constante saudade toma conta de mim, uma saudade doce e terna que anuncia os próximos instantes das partilhas profundas que nos damos, do mergulhar das almas e entrelaçar dos corpos, do bater simultâneo dos corações. Fazes-me falta. A proximidade de ti, a permanente partilha entre nós, a infindável entrega que nos ofertamos... oferecem-me um mundo de sabores que nunca antes sonhei existir e toda a vivência exulta na felicidade concreta de estarmos juntos e caminharmos, confiantes e seguros, neste rumo que escolhemos para nós. Amo-te...e numa sempre intensa e sincera gratidão, agradeço à vida...e a NÓS...esta descoberta contínua e maravilhosa da nossa existência em comum.

06 dezembro 2009

Apenas te Dou...

Queria dar-te o Sol, a Lua, as Estrelas... o Firmamento... Rios, montanhas, planícies O doce sabor de cada momento. Queria dar-te o canto das aves, o aroma de todas as flores, o esvoaçar das borboletas, do arco-íris...todas as cores. Queria dar-te riquezas, tesouros, maravilhas e todo o universo... Todas as palavras escondidas na linha de cada verso. Queria dar-te o calor, o ar, a sombra e a luz, a brisa que sopra serena, o riacho cristalino... e o seu brilho que seduz. Queria dar-te lágrimas felizes, sorrisos doces ao entardecer, o conforto da lareira acesa... loucuras de entontecer. Queria dar-te Paz, Esperança e Serenidade, Harmonia, Aconchego e Liberdade.
Tanto que te queria dar...
E apenas dou...AMOR!