28 dezembro 2009

Até Quando...

Lá fora a terra uiva gritando ferozmente as feridas no seu âmago infligidas pela loucura dos Homens que placidamente passeiam se beijam e se odeiam num pântano de podridão... Por companhia a solidão, por alimento a tristeza... Arrastam os seus passos pela estrada, tristes e curvados sob o peso da maldição... essa que plantam todos os dias com a cegueira, de não querer ver pelo prazer de ter... Não olham aos meios para alcançar os fins, sugam almas e matam inocentes... Tristes seres decadentes, triste civilação que caminha para o fim. Loucura, insanidade, doença... Até quando!

22 dezembro 2009

Uma História de Natal

Lembro-me de, bem pequena, passar a noite quase em claro à espera do primeiro raio de claridade que anunciava aquele dia mágico. Logo ao alvorecer voava direita à chaminé e deliciava-me a desvendar os mistérios escondidos atrás dos papéis e laços coloridos, mesmo até quando alguns já tinham sido deslindados em espreitadelas furtivas pela porta entreaberta de um armário quase sempre bem fechado. "Ohs! e "Ahs!", risos alegres e olhos brilhantes em rostos suaves eram contemplados pelos mais velhos, que denunciavam a sua emoção embevecida nas pequenas lágrimas que teimosamente insistiam em humedecer-lhes os olhos. Não havia árvore de natal nem enfeites brilhantes, apenas a humildade de um pequeno presépio iluminado pelas luzes trémulas de pequenas velas, mas aquela atmosfera transpirava amor e afecto. Nunca importava realmente o que era descoberto dentro dos embrulhos vistosos, o que me fazia sentir bem era aquela ambiência de "Lar" que me envolvia docemente num apertado abraço e que guardarei para sempre no meu coração. Durante muito tempo tudo prosseguiu igual e tradição e significado permaneceram bem acesos, mesmo em tempos difíceis que se viveram. Anos depois tudo se desmoronou quando estes dias, em vez de mais unirem pessoas, almas e corações, obrigavam a escolhas difíceis, opções de sentimentos e, numa encruzilhada onde nunca era fácil saber qual o rumo a seguir, alguém sempre se tinha de deixar para trás e se seguia dividido e incompleto. Nunca nada voltou a ser igual, embora chegassem tempos de semelhança quando novas faces brilhantes, de olhos ávidos, devoravam, impacientes, as luzes que brilhavam e dedos teimosos esburacavam os papéis em tentativas de descoberta. Mas parece que tudo se foi...Hoje, ressaltam risos, tristezas, gargalhadas e lágrimas solitárias, numa amálgama de emoções contraditórias que não permitem a felicidade plena. ...o "Dar" fica amarrotado e sai desafinado, como uma viola velha e maltratada pela humidade dos tempos, assemelhando-se ao mero cumprimento formalizado daquela obrigação a que não podemos fugir. As presenças são marcadas pela obrigação ou por não existir opção. Sentem-se no ar revoltas e amarguras ...e os estragos na alma que se exige "perfeita" começam a ser irreparáveis... E quando apenas se quer paz e harmonia, o coração parte-se... Uns pedaços, chorando, acompanham quem, na distância, sempre se mantém presente mesmo quando, querendo sem querer, segue noutra viagem ...outros ficam, quebrados, doridos e cansados, querendo apenas o aconchego quente e repousante do silêncio, o alumiar suave da pequena vela que simboliza uma enorme luz que brilha, sempre crescendo, no coração...

18 dezembro 2009

Fazes-me Falta

Lá fora a chuva persiste em cair e tornar esta noite mais uma das gélidas noites de Inverno em que revolvo o leito e me afundo nos teus traços e no teu aroma que perduram nos vincos da minha pele como uma manta quente que me cobre, tal como o teu corpo me aquece e envolve quando nos perdemos nas viagens intermináveis dentro de nós. O som suave das melodias que me ofereces embala-me os sonhos que me levam longe, onde no silêncio das tuas mãos e nos gestos calmos do teu olhar eu me sinto viva. Nos contornos da nossa vida eu renasço e me transformo, ganho luz e calor, broto, florescendo, em suaves matizes coloridos de cada instante primaveril. ...E esta constante saudade toma conta de mim, uma saudade doce e terna que anuncia os próximos instantes das partilhas profundas que nos damos, do mergulhar das almas e entrelaçar dos corpos, do bater simultâneo dos corações. Fazes-me falta. A proximidade de ti, a permanente partilha entre nós, a infindável entrega que nos ofertamos... oferecem-me um mundo de sabores que nunca antes sonhei existir e toda a vivência exulta na felicidade concreta de estarmos juntos e caminharmos, confiantes e seguros, neste rumo que escolhemos para nós. Amo-te...e numa sempre intensa e sincera gratidão, agradeço à vida...e a NÓS...esta descoberta contínua e maravilhosa da nossa existência em comum.

06 dezembro 2009

Apenas te Dou...

Queria dar-te o Sol, a Lua, as Estrelas... o Firmamento... Rios, montanhas, planícies O doce sabor de cada momento. Queria dar-te o canto das aves, o aroma de todas as flores, o esvoaçar das borboletas, do arco-íris...todas as cores. Queria dar-te riquezas, tesouros, maravilhas e todo o universo... Todas as palavras escondidas na linha de cada verso. Queria dar-te o calor, o ar, a sombra e a luz, a brisa que sopra serena, o riacho cristalino... e o seu brilho que seduz. Queria dar-te lágrimas felizes, sorrisos doces ao entardecer, o conforto da lareira acesa... loucuras de entontecer. Queria dar-te Paz, Esperança e Serenidade, Harmonia, Aconchego e Liberdade.
Tanto que te queria dar...
E apenas dou...AMOR!

26 novembro 2009

It's Life

"A vida não se escoa, vive-se em cada segundo, em cada minuto de partilha e de amor, e sentir que, quando vemos partir quem amamos o nosso coração parece que se parte, mas afinal isso faz parte da verdade de Amar. Quem ama sem tempo, vive com tempo para amar num tempo eterno..." Quem pensa que viver deve ser apenas a eterna felicidade engana-se redondamente. A vida é composta de alegria e de dor, de felicidade e de tristeza, de sorrisos e de lágrimas, de decepções e de vitórias, da proximidade e da distância...de todos os opostos que procuram incessantemente o equilíbrio e transformam o tempo de existência numa mescla de coragem e desatino, de luta, de resistência, de vitórias e derrotas...plena de Vida. Quando nela nos lançamos corajosamente e trocamos o medo irracional de Ser pelo amor consciente, conseguimos atingir um outro patamar que nos permite visualizar de uma forma mais ampla e perceber que tudo o que "nos faz doer" existe apenas para estarmos conscientes, valorizarmos e sabermos apreciar "o lado bom". Escolher este difícil mas gratificante caminho, Interiorizar e Vivenciar este Amor é o que nos coloca no caminho da Felicidade. A vida é um caminho cheio de obstáculos para quem a aprende e pretende desfrutar em pleno, mas a cada um que se ultrapassa ela fica com um sabor maior e redobra-se a vontade de prosseguir. Há dias em que dá vontade de simplesmente parar, tal o cansaço das lutas "vãs" quando olhamos em volta e nos dá ideia de sermos alguma espécie rara...mas enchemos o peito de ar, levantamos a cabeça e ...rimos daqueles que afinal não entendem nada. Coitados, não sabem que estão a desperdiçar o seu tão precioso tempo. Não somos nós a tal raridade, sim eles que como seres humanos não têm respeito por si próprios, não têm vida e para que alguma coisa lhes faça sentido sentem-se obrigados a fingir, a morrer estando vivos, a condenar os que se dão o privilégio de Ser Pessoas Completas. Não ter medo de Viver e de Sentir, sabendo que os caminhos nem sempre são suaves dá um novo sentido à palavra Existência.

Quando...

Quando as palavras não acabam nunca e as ideias fluem profundas e límpidas, sem armadilhas ou subterfúgios... Quando as horas nunca chegam para tudo o que queremos dar de nós... Quando abrir a alma é uma necessidade imperiosa e tudo o resto se esquece... Quando a certeza do entendimento é completa e o respeito é a norma que nos conduz... Quando a verdade nos guia, a sinceridade é o nosso apoio e a partilha o nosso lema...
Quando a linguagem dos corpos é apenas mais uma forma de nos darmos inteiros e completos...
Quando a honestidade é absoluta e a generosidade ressalta de cada gesto... Quando, sempre mais, nos queremos tornar de uma transparência cristalina e nada deixar oculto... Quando a cumplicidade cresce e a afinidade é quase total... Quando a profundidade de um olhar nos diz mais do que mil palavras... Quando a presença é permanente mesmo separada pela geografia... Quando confiar e acreditar são certezas de sempre... Quando a plenitude existe em cada segundo de vida... Quando o medo de Ser deixa de existir... Quando Sentir é o rumo e "Ter" e "Parecer" não passam de pormenores sem sentido...
Quando...AMAMOS!!!...E Somos AMADOS!

09 novembro 2009

...Olhares...

Olho para mim.
Nesta sala, rodeada de gente com a qual era suposto ter algumas afinidades, não estou cá. Não pertenço aqui. A minha presença não me faz sentido e as poucas palavras que penso calo-as numa completa mudez de sentir. Por aqui apenas paira o volume do meu corpo-máquina em gestos automáticos de me sentar e levantar. Pergunto-me o porquê e para quê deste estar onde não estou, onde não sinto, onde não existo. Questiono esta existência vazia, quando encerro em mim um mundo inteiro de Vida. E penso...penso na voz que me pergunta porque é que as pessoas não conseguem dissociar a sua paz e harmonia, a sua "Boa Vida", das suas relações pessoais. Haverá gente que sim, que afirma viver feliz sozinha... mas olho para elas e vejo-as, prenhas de melancolia, agarrando-se a tudo o que as cerca na urgência de se preencherem... constroem carreiras de sucesso, compram carros, roupas caras, viajam, ...eu sei lá, mas lá no fundo dos seus olhos existe sempre um não-sei-quê de dor, uma sombra azeda, uma nuvem escura... Será porque somos Pessoas e não existimos para viver sós?! Será porque nada existe que dê maior satisfação do que "Viver Com" cada minuto que passa, sentindo e sendo sentida, percebida, entendida...em cada microscópica célula do ser?!... Será talvez por isso que cada vez menos aqui pertenço...e que ando cada vez mais sozinha, mas jamais Só! Porque existe um Mundo onde sou, que cintila permanentemente em mim, onde sinto profundamente cada segundo do tempo que voa, onde sou sentida toda eu, onde Sou Inteira! E é aí que eu VIVO! Talvez, quem sabe, não fosse este mundo e também eu seria cheia de tudo...mas vazia de mim...

08 novembro 2009

VIDA

Não será o coração a mais alta das cartas na vida? Nele estão guardados os mais belos sentimentos... aqueles que deveriam comandá-la! Mas poucos são os que conhecem os sentimentos, que os fazem padrão na sua vida. Muitos sim, vivem padronizados ao prazer de ter e de alimentar uma imagem social quando afinal não passam de animais com cio. E, quando se deparam com os tais poucos que se interrogam, que sofrem, que choram e riem porque sentem, chamam-lhes loucos e stressados, acham-nos permanentemente insatisfeitos e dizem-lhes que precisam de retiros espirituais no Tibete... Mas não! A insatisfação existe quando se pertence a uma classe que vive neste mundo, de nome "os coitadinhos". Os que vivem numa redoma para se taparem da realidade e sorriem de satisfação por pura ignorância, que é bem pior que uma doença terminal. Andam de canto para canto sem saber bem a razão desse andar e sem nunca conhecer a plenitude de sentir. Amam-se e mudam de vida e de amor como se muda uma roda que furou, como se viver fosse uma qualquer novela de gata borralheira. Viver é saber que a Vida não é um jogo de ganhar e perder. A Vida é tão simples que difícil se torna aos olhos de quem só quer voar nas alturas pagando o preço sem questionar. O meu Tibete mora comigo, move-se comigo, sente comigo... Chama-se Vida. Nela sempre encontrei as respostas e consequências dos meus actos. É nela que moram os que me querem bem e me estendem a mão sem sequer querer nada em troca. O meu Tibete chama-se Eu e nele viverei infeliz que é uma forma de felicidade pura, pois só podemos ser bons quando passamos pelo mal e aprendemos o valor do bem. A paz faz tempo que habita o meu interior e não a conquistei, não a comprei, nem tão pouco a roubei ou me foi oferecida. Caminhei na estrada da Vida onde caí, onde chorei, onde ri e lá encontrei o que de mim fez um ser humano... Sentimentos.

27 outubro 2009

O anjo e a menina dos caracóis

Era uma vez uma menina, de caracóis soltos ao vento, que parecia uma borboleta, pousando de flor em flor. Com o sorriso que sempre lhe enfeitava o rosto alegrava todos os que a rodeavam, mas tinha uns olhos tristes porque a sua alma estava desalentada. Um dia, num dos seus passeios, sentiu um suave toque no ombro. Olhou em volta e, a princípio, não viu nada. Mas era curiosa, olhou melhor, com mais cuidado e descobriu um anjito lindo e simpático, com um sorriso aberto, que a fitava com os seus olhos doces como o mel. Ela ficou maravilhada com a doçura daquele olhar e o gelo que lhe esfriava o coração começou a derreter. Ela já não conseguiu mais despegar-se daquele sorriso quente que lhe encantou a alma. A partir daí o anjo e a menina começaram a estar sempre bem juntinhos. Ela sabia que, mesmo quando não o via, ele estava por perto e tomava conta dela. E o sorriso no seu rosto começou a iluminar-se, o seu coração ficou cheio, quentinho, vivo. Um dia falou com ele, meio marota no meio de tanta felicidade: - Estou apaixonada, sabias? - Não. Então como foi? - perguntou o anjo. - Olha, nem te sei dizer...- respondeu - foi assim: um anjito andava a passear e encontrou-me. - Olha que giro! E que aconteceu? Como tem corrido? - Tem corrido bem. Ele é um anjito muito querido! - Ainda bem. Mereces ser contemplada com os pózinhos mágicos do anjinho. - Pois, parece que sim. E ele tem sempre desses pózinhos mágicos para mim...Sabes? Penso que ele também estava cansado de tanto voar em vão e assim repousa as asitas. Quer dizer, encontrou um sítio bom para pousar, penso eu. - Então quer dizer que o teu anjito está cansado e encontrou o porto de abrigo no teu corpo? Ou na tua alma? - Nos dois. - Nos dois? Que anjo guloso, fica quietinho a repousar, a receber mimitos de ti e pronto...olha se eu fosse a ti dava-lhe nas asas. - Mas eu não dou, deixo-o ficar bem sossegadito. Gosto de senti-lo em mim. Ele dá-me paz e trouxe-me a felicidade de volta. - Tinhas perdido a tua felicidade ou estiveste escondida com medo do mundo? - Não estive escondida. A felicidade é que não é fácil de encontrar por aí. - Claro que é minha querida, por vezes somos nós que andamos de olhito fechado. Por isso existem esses anjitos que, também na sua incessante procura de paz, essa que só se adquire através da felicidade, nos encontram, e aí passamos os dois a desfrutar do mais pleno sentimento, a subida ao cume da vida, através do mais bonito caminho que possas imaginar...a estrada do amor. E este diálogo continuou, interminável, em todos os momentos... Às vezes, o anjito subia às nuvens e permanecia calado. Isolava-se e nem sempre permitia que a menina o sentisse como sempre acontecia. Nessas alturas ela ficava amargurada, triste...sentia-se só e chorava. Mas sempre acreditava que ele voltava e essa sua fé sempre a recompensou porque ele retornava, cada vez mais doce, mais amigo, mais presente, iluminando a sua vida com uma luz pura e alva. E assim foi como tudo aconteceu, ela ficou com o seu anjito, passeia com ele no infinito do azul celestial da felicidade, passa pelas tempestades sem medo, os relâmpagos e os trovões são as luzes da sua disco privada onde dançam a eterna dança de dois seres ligados para sempre, por um sentimento que ninguém consegue destruir, simplesmente porque só os eleitos o sabem sentir e desfrutar... E o anjinho, que amava a menina com um amor imenso, puro e sincero, entregou-lhe o coração para que ela dormisse sempre quentinha. Ela trocou com ele, entregou-lhe também o seu e nunca mais se separaram, desde que há memória até aos dias de hoje. E creio que irão continuar sempre juntos pelo infinito dos tempos, esta menina de caracóis soltos ao vento e o anjito lindo e simpático, de sorriso aberto e olhos doces como o mel...porque a menina acreditava nos anjos e o milagre do amor tocou o coração deles.

25 outubro 2009

O que os olhos não vêem...

Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital. Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos seus pulmões. A sua cama estava junto da única janela do quarto. O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas. Os homens conversavam horas a fio. Falavam das suas mulheres, famílias, das suas casas, dos seus empregos, onde tinham passado as férias... E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as coisas que conseguia ver do lado de fora. O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a actividade e cor do mundo do lado de fora da janela. A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma ténue vista da silhueta da cidade podia ser vislumbrada no horizonte. Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava as pitorescas cenas. Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar. Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a retratava através de palavras bastante descritivas. Dias e semanas passaram. Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos e encontrou um corpo sem vida. O homem perto da janela tinha falecido calmamente enquanto dormia. Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo. Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca. Depois de se certificar de que o homem estava bem instalado, a enfermeira deixou o quarto. Lentamente e cheio de dores o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora. Fez um grande esforço e lentamente olhou para o lado de fora da janela que dava, afinal, para uma parede de tijolo! O homem perguntou à enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela. A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede. Talvez quisesse apenas dar-lhe coragem... Moral da História:
Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas. A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando partilhada, é dobrada. Se te queres sentir rico, conta todas as coisas que tens que o dinheiro não pode comprar.
" O dia de hoje é uma dádiva, por isso é que o chamam de presente." Mais uma "estória" da história da Vida, caminhos, encontros...surpresas: a Felicidade chega numa bola de sabão feita sonho de algodão! E como é bom levá-la a outro Coração...!

21 setembro 2009

Não deixem de Ler...e Reflectir


Nós bebemos demais, gastamos sem critério. Conduzimos depressa demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, vemos televisão demais e raramente estamos com Deus.
Multiplicamos os nossos bens, mas reduzimos os nossos valores.
Nós falamos demais, amamos muito raramente, odiamos frequentemente.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida, mas não a vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não o nosso preconceito;
escrevemos mais, mas aprendemos menos; planeamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a apressar-nos mas não sabemos esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas comunicamos cada vez menos.
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande e de carácter pequeno; de lucros acentuados e de relações vazias.
Esta é a era dos dois empregos, de vários divórcios, casas chiques e de lares e corações despedaçados.
Esta é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas 'mágicas'.
Um momento de muita coisa na vitrine e de muito, muito pouco na despensa.
Uma era que leva esta carta até si, e que lhe permite dividir esta reflexão ou, muito
simplesmente, clicar na tecla 'delete'.

Lembre-se de passar algum tempo com as pessoas que ama, pois elas não vão estar aqui para sempre.
Lembre-se de dar um abraço carinhoso aos seus pais ou a um amigo, pois não lhe vai custar sequer um cêntimo.
Lembre-se de dizer 'amo-te' à sua companheira(o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, ame... ame muito...

Um beijo e um abraço curam a dor, sempre que emanam bem lá de dentro, do fundo de si mesmo.
Por isso, valorize sua familia e as pessoas que estão aoseu lado, sempre!
Não esquecendo os que estão longe TB

10 setembro 2009

Fidelidade vs. Lealdade

Lí há dias um artigo em que, falando sobre política, se adoptava uma abordagem algo diferente do habitual e, diferenciando os conceitos fidelidade e lealdade, se constatava como é comum nos dias de hoje ser-se fiel e, simultaneamente, completamente desleal. O que à primeira vista parece contraditório, de facto torna-se claro se nos dermos ao cuidado de observar e reflectir sobre o que se passa à nossa volta, desde as relações meramente sociais, até às relações pessoais, supostamente íntimas e profundas. É habitual vermos relações que apenas subsistem pela presença de elos tão frágeis quanto cómodos e facilitadores da vida diária. Elos aparentemente fortes mas que apenas se alimentam de rotinas, conveniências e "imagem". E se, de algum modo, a envolvência dessas relações sofre um abalo mais forte, logo esses laços se quebram porque deixam de cumprir as suas funções e as relações enfraquecem de imediato. Existe uma fidelidade conjuntural permanente e uma completa ausência da lealdade real que fortalece sentimentos e aproxima as pessoas. A lealdade que alimenta grandes causas, grandes vidas... Manter a fidelidade a sucessivas conjunturas, por muito cómodas que sejam, pode levar ao desmoronamento completo dos alicerces que deveriam sustentar as relações, a lealdade aos sentimentros que unem os intervenientes. Por isso se diz que hoje "já ninguém morre de amor"... Criam-se e matam-se relações com a mesma facilidade com que se muda a pintura das paredes de uma sala porque não condiz com a mobília nova. Criar, manter, alimentar e amadurecer sentimentos duradouros e profundos implica um trabalho, uma dedicação e uma entrega que poucos estão dispostos a assumir, até porque muitas serão as ocasiões em que as envolvências se tornarão fardos pesados e aparentemente impeditivos do acarinhar da relação. No entanto, não resta qualquer dúvida que apenas vivendo profunda e dedicamente os elos afectivos, com a crença vincada na existência de "finais felizes", se conseguem construir relações sólidas, verdadeiras e duradouras...as relações de Vida.

23 agosto 2009

Ser Mãe

Mais um amanhecer cinzento raiado de sol, em que te procurei na luz que lá de fora me desperta. A confusão aumenta em meu redor em gritos e lágrimas que me doem, em palavras que traçam ameaças e chantagens infantis e patéticas. No meio desta amálgama de sentimentos que não são meus, eu procuro apenas a paz que me transmites e a lucidez que me acompanha quando estás em meu redor. Pressinto que as minhas palavras de nada valem e que apenas me resta assistir a este desmoronar constante de vidas, sem rumo, sem traçado, sem futuro. Quase me sinto cair também naquele estado de semidesistência moribunda e desejo ardentemente a voz que me ajuda a levantar a cabeça e a seguir, confiante, o meu caminho, por entre esta angústia que me consome, os gritos roucos que calo e o nó que me aperta a garganta. Parece que a minha vida se desenrola em duas vidas paralelas e me desdobro em personagens diferentes, que ganham vida sem que eu o permita. Sei quem sou e o que sou, mas há alturas em que não me vislumbro e me torno incapaz, manietada entre razão e emoção, de saber o que fazer ou, sequer, se poderei realmente fazer alguma coisa. Com difculdade me encontro neste remoinho desarranjado que me cerca e a todo o custo tento preservar a clareza de espírito que me permita levar a bom porto esta tarefa tão ingrata quanto maravilhosa que é Ser Mãe.

08 agosto 2009

Bom Dia, Meu Amor!


Como todos os dias, amanheci contigo no pensamento e as tuas palavras pintam-me as horas que faltam num tom dourado-sol.
Corres-me nas veias, misturado no meu sangue e enches-me de vida.
Fazes parte de mim, dos meus sonhos e da minha realidade, das minhas noites sós e de todas as horas a dois em que cavalgamos juntos para além de todas as fronteiras da imaginação.
É-me já impossível desenhar um tempo em que não pertenças e um espaço que não esteja marcado pela tua presença.
Caminho misturada contigo, numa solução indissolúvel de aromas, quereres e sabores.
Nada falta a esta combinação harmoniosa, apenas entrecortada por estes instantes-dias de saudade que a tornam ainda mais desejada, neste viver profundo que partilhamos.
- Bom dia, meu Amor!...Todos os dias.

07 agosto 2009

Gotas de Saudade

Hoje acordei de mau-humor. Um humor sombrio que marca um daqueles dias em que nada me apetece e só com grande esforço consigo prosseguir a rotina destes dias intermináveis que me deixam triste.
É um daqueles dias em que tenho de me concentrar e procurar com afinco a réstea de força escondida para não me deixar cair no desalento.
É estranho... ou talvez não...mas parece que, nestes dias, nem de propósito, tudo acontece ao contrário do que se espera e uma série de coincidências se juntam para os tornar mais pesados.
Ou será apenas a minha disposição que me faz sentir assim, nestes dias... em que não consigo limpar as gotas de saudade que me molham o coração...

02 agosto 2009

Elos de Liberdade


Podia dizer que estes dias intermináveis são vazios de graça e vontade porque o tempo mos roubou, mas não. São dias diferentes, sim, com um quê de amargo... que se dissolve no doçura do antes e do depois, num mar pacífico duma envolvência profunda que amortece as dores e dá à saudade aquele travo doce de um apetecido manjar que se aguarda ansiosamente.
Durante muito tempo sonhei ser livre, solta de prisões, de falsas amarras, de hipócritos conceitos de vida.
Um dia cortei as cordas que me prendiam em mim e voei...
Só depois descobri onde estava a minha verdadeira liberdade!
Teci fios novos, transparentes, belos e verdadeiros. Fios que se juntaram e se entrelaçaram em elos firmes de afinidade, sinceridade, honestidade, cumplicidade, confiança e Amor.
Elos que me prendem fortemente e que desejo se prolonguem à eternidade porque me trouxeram a Vida como desenhei e ambicionei. Aquela Vida em que o Amor é o valor supremo que tudo comanda e não se deixa enlear pela sociedade de mentira em que vivemos.
Hoje sinto-me forte, com uma firmeza que desconhecia e uma confiança no futuro que nunca antes experimentei...
...Apenas porque sim, Apenas porque fazes parte da minha Vida!

01 agosto 2009

Retrato De Um País

O mês de Agosto chegou finalmente! De malas arrumadas, milhares de portugueses iniciam os tais dias de "merecido" descanso...neste país onde o caos é total. Sigamos esta breve análise feita há dias por... Miguel Sousa Tavares Expresso, 27 de Junho de 2009
"Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, faço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê: - É sempre assim, esta auto-estrada? - Assim, como? - Deserta, magnífica, sem trânsito? - É, é sempre assim. - Todos os dias? - Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente. - Mas, se não há trânsito, porque a fizeram? - Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto. - E têm mais auto-estradas destas? - Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me. - E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões? - Porque assim não pagam portagem. - E porque são quase todos espanhóis? - Vêm trazer-nos comida. - Mas vocês não têm agricultura? - Não, a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável. - Mas para os espanhóis é? - Pelos vistos... Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga: - Mas porque não investem antes no comboio? - Investimos, mas não resultou. - Não resultou, como? - Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou. - Mas porquê? - Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos. - E gastaram nisso uma fortuna? - Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos... - Estás a brincar comigo! - Não, estou a falar a sério! - E o que fizeram a esses incompetentes? - Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro. - Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo? - Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km. Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não. - Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto? - Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota,para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações. - Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa? - Isso mesmo. - E como entra em Lisboa? - Por uma nova ponte que vão fazer. - Uma ponte ferroviária? - E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa. - Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros! - Pois é. - E, então? - Então, nada. São os especialistas que decidiram assim. Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la. - E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta... - Não, não vai ter. - Não vai? Então, vai ser uma ruína! - Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar. - E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras? - Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa! - E vocês não despedem o Governo? - Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo... - Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro? - Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade. - O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia? - A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV. - Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter? - É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade. Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás: - E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê? - O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa. - Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo? - É isso mesmo. Dizem que este está saturado. - Não me pareceu nada... - Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP. - Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível? - Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido. - E tu acreditas nisso? - Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo? - Um lago enorme! Extraordinário! - Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa. - Ena! Deve produzir energia para meio país! - Praticamente zero. - A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber! - A água não é potável: já vem contaminada de Espanha. - Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso? - Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais. - Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada? - Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor. Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente: - Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos? - Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez. Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou: - Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!" Será que nem assim nós vamos abrir os olhos e, por uma vez que seja, agir?!!!!

26 julho 2009

Um Homem...


Na paz dos homens vive um homem que procura o sossego para a sua alma que deixou algures perdida na lama da vida, na sujidade das noites, envolvido na lama pior que o mundo produz, a falsidade.
Um dia, depois de muito mergulhar nesse lodo fétido mas enganadoramente brilhante e de aparência aliciante, esse homem olhou o brilho real do sol e decidiu abandonar esse mundo hipócrita, sujo e ávido da essência de quem por lá anda.
Encontrou a sua alma que pensava ter ficado perdida, mas o reencontro com ela tem atravessado períodos difíceis, de lutas e polémicas, pois a paz dos homens é também enganadora e falsa, feita de traições, mentiras e acusações. Tanta falsidade, moralidade enganadora e vestimentas sociais levam a que se pergunte se valerá a pena...
O face a face consigo mesmo nem sempre é pacífico e, nas tempestades dos dias, algumas vezes oscila e pende para o retorno a esse mundo onde não há tempo para pensar.
Mas, de essência pura e generosa, honesta e sentida, embora esgotado por tantas horas de reflexões, confrontos e questões, esse homem tem caminhado ao encontro de si próprio e, apesar de todas as injustiças, a sua alma rejuvenesce na serenidade que vem alcançando no lago tranquilo e seguro do amor profundo que ajuda a cicatrizar todas as feridas.
Hoje, bem cuidada e quase restabelecida, a sua alma descansa aconchegada no abraço de um coração que a ama ...profundamente!

23 julho 2009

Tudo mudou...

"Nascemos nos anos 30, 40 e 50... foi difícil mudar todos os conceitos de várias gerações.
Faz apenas 50 anos que apareceu a televisão, o chuveiro eléctrico, a declaração dos direitos humanos e a revista Playboy.
Casar era para sempre, sustentar os filhos era somente até que eles conseguissem emprego, as certezas duravam toda a vida e os homens eram os primeiros a serem servidos à mesa de jantar. As avós eram umas velhinhas, hoje, essas avós de 40 ou 50 anos são uns “aviões". Todos vestimos o mesmo que os nossos filhos. Não existem mais velhos como antigamente. Esta foi uma geração em que mudou tudo. Culpa da guerra, da pílula, da internet, da globalização,do muro de Berlim, da televisão e da tecnologia. Até morrer hoje é diferente. Na minha rua havia um velhinho que morria aos poucos. Demorou uns dez anos a morrer e isto aconteceu logo a seguir a completar os 57 anos. Hoje morre-se com 80 ou aos 90 e é num repente. Com a pílula, a mulher passou a ter os filhos que quis e ela sempre quis poucos. Como não conseguimos sozinhos sustentar a família, elas saíram para a luta para se poder pagar a comida congelada, a luz e o telefone. Se as coisas não vão bem, é fácil a separação, difícil é pagar a pensão. Na realidade, há mães solteiras com pouco mais de doze anos. Depois serão chefes de família, com muitos filhos de muitos pais. Em 50 anos tiraram a Filosofia da educação básica e, como o pensamento era reprimido, com a revolução tudo mudou para libertação. Pedagogia da libertação, Teologia da libertação, Psicologia da libertação. Deu no que deu. Burrice libertada. Burrice votada e eleita. Para as pessoas de mais de 50 anos, os palhaços eram o Rico e o Pobre . Hoje o povo inteiro é meio palhaço, meio pateta. Ladrão era o Palma Inácio e o Bandido da Cruz Vermelha; hoje os ladrões tomaram conta dos Palácios, das Câmaras e das Regiões e de tudo onde podem deitar a unha. A "Lola mamona" só trabalhava na zona da Praça do Chile. O Presidente da República e o Primeiro-Ministro não eram um qualquer advogado ou um falso engenheiro mas sim um português totalmente alfabetizado. Experiências com feijão e algodão a germinar fazíamos na escola primária e não em vôos espaciais, que custam milhões de dólares. Movimento social era o que chamávamos a uma reunião dançante. O dia das mentiras não era uma data nacional. Piercing ou ossos na cabeça quem os usava eram os pretos. Tatuagens eram coisas de criminosos do bas fond. Casa de campo era algo de filme de terror e não um local onde os ministros dividem o saque. O Caseiro não era mais ético do que ministro. A Quadrilha era uma dança e não razão de existência de partidos políticos. O Clube dos Mau-Maus era um grupo de inofensivos playboys lisboetas e não um País inteiro. As pessoas de mais de 50 estão por tudo isto meias tontas, mas vão andando. Fumaram e deixaram de fumar. Beberam whisky com muito gelo, hoje tomam água mineral. Foram marxistas até descobrirem quem eram o Harpo, o Chico e o Groucho, e que o marxismo é um grande engodo. Viram o futebol começar a mandar na política. Bandidos (como o tal Inácio) e assassinos (como o moçambicano que queria meter as pessoas no Campo Pequeno e fuzilá-las) serem glorificados como heróis… Viram polícias (uma força de segurança) sindicalizados e a fazer greve… Juízes (um órgão de soberania) a fazerem greve também… Gente poderosa (ou por dentro) a avisar a Fátima Felgueiras para fugir e não ser presa, ou o Pinto da Costa para não ser preso nem apanhado em falso… Ou a deixar aberta a porta para o padre assassino e gay fugir da prisão no Funchal… Vimos a permanente falta de médicos, porque a corporação destes impõe ano após ano um número clausus baixíssimo para com a carência poderem fazer-se pagar a peso de ouro, a ponto de termos de importar médicos de Espanha e aproveitar outros oriundos dos países de Leste… Vimos os deputados da Assembleia da República picarem o ponto pela Páscoa e saírem de imediato para um fim de semana antecipado… Ou irem assistir a um jogo de futebol a Barcelona e quererem não só que lhes retirem a falta, como ainda lhe paguem ajudas de custo… Ninguém tem mais a certeza de nada e a única música dos Beatles que apetece tocar é o "Help". Pára Portugal, que a malta de mais de 50 anos quer descer!!! Ao ler esta mensagem dá um aperto no coração só de pensar que tudo isto é pura verdade! Que a nossa realidade é de fazer vergonha! E o pior, é que já ninguém sabe o que é "vergonha"? Se isto é (ou ainda é) um país, alguém tem de fazer alguma coisa." * Autor desconhecido (para não ser preso)* Transcrevi na íntegra esta mensagem que me enviaram. Anónimo o texto para, tal como o autor reconhece, "não ser preso". Eu publico-a! Estas palavras apenas gritam o que muitos sabem, muitos mais suspeitam...mas todos calam...com medo! Estas palavras apenas descrevem [com mais ou menos rigor...] o estado de degradação a que deixámos, todos nós, chegar este país. Sim, Todos nós! Quando calamos injúrias, aceitamos vigarices, compactuamos com as drisciminações, ilegais mas praticadas legalmente, a que estamos sujeitos pelas garras das instituições e jurisprudência deste país, que penalizam os que menos podem e sustentam as enormes canalhices praticadas por alguns, que sempre ficam impunes abrigados por leis feitas à sua medida e defendidos por representantes, pagos a peso de ouro, que sempre descobrem "uma porta de saída" airosa para os que deviam estar enjaulados como perigosos espécimens da raça humana. Todos Nós! Os que protestamos mas que continuamos a aceitar...por medo?! Todos Nós! Que sempre achamos que "isto está perdido" e que nada podemos fazer...a não ser, baixar os braços e esperar que nos cilindrem definitivamente. Será que é assim que vamos Acabar?...

16 julho 2009

Mais Uma História...

Há já algum tempo chegou até mim esta história que nos dá mais uma lição de vida e nos ensina quanto devemos olhar, analisar e apreciar quem nos rodeia, sem ideias pré concebidas e falsas imagens de "bem parecer". Mais uma história em que os sentimentos puros e honestos se sobrepõem à maldade, à mentira e ao preconceito, pragas incuráveis que assolam a nossa sociedade.


O dono de uma loja estava a colocar um anúncio na porta: “Cachorrinhos à venda”.
Esse tipo de anúncio sempre atrai as crianças e logo um menino apareceu na loja a perguntar:
- Qual é o preço dos cachorrinhos?
O dono respondeu: - Entre 60,00€ e 100,00€.
O menino colocou a mão no bolso e tirou umas moedas:
- Só tenho 4,37€. Posso vê-los???
O homem sorriu e assobiou…
De trás da loja saiu a sua cachorra correndo, seguida por cinco cachorrinhos. Um dos cachorrinhos estava a ficar para trás. O menino imediatamente apontou o cachorrinho que coxeava e perguntou:
- O que aconteceu com esse cachorrinho?
O homem explicou-lhe que quando o cachorrinho nasceu, o veterinário lhe disse que tinha uma perna defeituosa e que andaria a coxear pelo resto da sua vida. O menino emocionou-se e exclamou:
- Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!
E o homem respondeu:
- Não, tu não vais comprar esse cachorro, se tu realmente o queres, eu dou-to de presente. E o menino não gostou, e olhando directo nos olhos do homem disse:
- Eu não o quero de presente. Ele vale tanto quanto os outros cachorrinhos e eu pagarei o preço completo. Agora vou dar-lhe os meus 4,37€ e a cada mês darei 5,00€ até que o tenha pago por completo.
O homem respondeu:
- Tu não queres de verdade comprar esse cachorrinho, filho. Ele nunca será capaz de correr, saltar e brincar como os outros cachorrinhos.
O menino agachou-se e levantou a perna das suas calças para mostrar a sua perna esquerda, cruelmente retorcida e inutilizada, suportada por um grande aparato de metal.
- Bom, eu também não posso correr muito bem e o cachorrinho vai precisar de alguém que o entenda. O homem estava agora envergonhado e seus olhos encheram-se de lágrimas…Sorriu e disse:
- Bom, eu também não posso correr meu filho, só espero que cada um destes cachorrinhos tenha um dono como tu!!!

Muito bem, e o Moral da história:
Na vida não importa como somos, mas que alguém te aprecie pelo que tu és, te aceite e te ame incondicionalmente .
Um verdadeiro amigo é aquele que chega quando o resto do mundo já se foi.
(Autor desconhecido)

11 julho 2009

De costas...

Resolvi voltar as costas ao mundo, fartei-me da sua sujidade, da sua pouca dignidade, da sua inverdade...
Estou farta de ser correcta numa sociedade incorrecta, desprovida de valores e sentimentos...
Olho para estes tristes seres e apenas lamento o ingrato e amargo vazio que lhes corre nas veias e a maldade que lhes impulsiona os dias.
Na sua completa insignificância já não me atingem, sobrando espaço apenas para me proteger dos seus malefícios e me manter fiel a mim mesma.
Apenas quero que me deixem na minha Paz. Os que me tentarem atingir provarão o sabor do seu própio veneno, como uma cascável que morde a sua cauda e morre, inevitavelmente, na sua própria boca.
Construí o meu próprio mundo, àparte desta loucura global onde Homens mais não são que bichos raivosos, desrespeitando até a severa lei da sobrevivência.
Aqui SOU, sem medos e sem mentira, despida de tudo, vestida apenas de MIM. Aqui DOU, incondicionalmente, tudo o que SOU...a quem nele comigo Convive e mantem acesa a verdade de Sentir e Ser quem é!
De costas...não permitirei que me apunhalem mais!
E, neste belo mundo sem mundo, a porta só abre com as leves e mágicas batidas dos sentimentos...

04 julho 2009

Pinceladas de Vida


Duas telas, já marcadas por traços antigos e amarelecidas pelo tempo, andavam à deriva nos ventos que sopravam, quando uma hábil pintora as descobriu e as reciclou.
Manchas escuras e vincos profundos deixavam perceber que tinham sido maltratadas; os cantos amarrotados mostravam falta de carinho e cuidados no seu manusear.
A pintora abriu-as cuidadosamente, colmatou-lhes as rugas, alisou-as e compôs-lhes as margens esfarrapadas.
Meticulosamente, resolvendo uni-las, ajustou-as uma à outra e, numa só tela gigante, decidiu pintar uma paisagem diferente, um retrato único que ficasse na história do coração da humanidade.
Começou por esboçar um fundo harmonioso para que a junção das duas telas passasse despercebida.
Depois, criando novas cores, deixou voar a sua imaginação e pinceladas fortes e vivas foram aparecendo, dando vida ao que parecia já ter conhecido um estado de quase morte.
Pouco a pouco, novos matizes delinearam formas, umas esbatidas, outras bem demarcadas… e aquela tela original foi renascendo, encheu-se de odores a Primavera, bater de asas ligeiros e subtis, sabores a maresia.
Não podendo ignorar os tons mais escuros, com eles pintou a noite, mas salpicou-a de estrelas e nela rasgou raios de luar prateados.
Pincelou tempestades, mas por entre as nuvens havia sempre alguns raios de sol, que tornavam mais suaves aquelas tonalidades sombrias.
Mas esta artista preferia as cores claras e alegres, plenas de vida e essas predominavam no conjunto, imprimindo-lhe um brilho radioso que encantava o olhar.
Cada movimento do pincel moldava novos detalhes e, imparável na sua criatividade, inventou nuances únicas na sua luminosidade.
Ainda não satisfeita consigo mesma, imprimiu ao seu trabalho uma vontade imperiosa de perfeição e continuou a sua obra, incansável, todos os dias.
E aquelas duas telas já gastas, agora transformadas, são o suporte de uma obra-prima da Vida, que decidiu uni-las com uma força sem igual, tornando-as unas e indissociáveis.
Neste trabalho ainda não terminado, já se percebe a coragem e a honestidade. De cada canteiro florido ressalta a luz inconfundível do amor e da união, da partilha profunda dos recantos da alma. As borboletas transportam nas asas a força, o querer e a vontade.
Em cada pormenor desta aguarela descobrimos sonhos escondidos que agora se mostram e ganham um sentido real.
E a cada novo dia mais um retoque é acrescentado nestas duas telas feita uma, nestas duas existências inapartáveis, que a cada pingo de tinta mais se misturam, transformando-se, passo a passo, nesta obra de arte que a Vida, artista suprema, resolveu desenhar em nós.

28 junho 2009

Uma Vida Entre Vidas


O serpentear branco do fumo sai da ponta dos meus dedos e eleva-se no ar à minha frente.
Olho os instantes-infinitos-espaços que os olhos não vêem e embrenho-me na tua imagem que paira na minha mente que, como elo principal, agrega todos os instantes vividos, pensados, sonhados, planeados...
Alegro-me nas tuas vitórias e entristeço-me nas tuas dores, anseio um porvir que te poderá lançar na estrada real idealizada da vida, desembaraçada dos nós que a tolhem, mesmo sabendo que essa estrada te poderá afastar...numa distância que não sei onde te levará... e, no adiamento do tacto, aumentará a força da vontade de estar.
Enleio-me mais ainda nos fios tecidos de harmonia e com eles construo a ansiada prisão onde sou completamente livre.
Só tu existes, tudo o resto é fantasia, e vou, mergulho fundo neste mundo que desenho nos meus olhos e me abarca inteiro o pensamento. Desfruto o sabor do jardim plantado com preceito, vivo as palavras em actos despojados de preconceitos, pratico a verdade num universo de mentira e construo, em pleno caos, uma morada segura.
Toco-te na mais doce melodia das mãos e perco-me no desejo do amanhecer com o sol nos teus braços e adormecer afundada no luar dos teus olhos.
Dou, conheço, arrisco, aprendo sempre, rompendo o cómodo lugar do amorfismo. Dedico-me plenamente, face à indiferença e à ignorância, despojo-me dos receios e visto-me de viver, vencendo barreiras, munida da serenidade da certeza.
Entrego-me completa, envolta nas roupagens reais da felicidade alcançada a cada instante que perdura.
Risco uma vereda florida pelo meio do asfalto, nasço uma vida entre vidas e ergo um Mundo cheio de tudo, neste universo de nada.

21 junho 2009

Abraçam-me As Palavras


Imersa neste mundo de loucura circense, as tuas palavras abraçam-me, acolhem-se em mim, envolvem-me e enfeitam-me com laços coloridos de ternura.
Palavras de sabedoria e tranquilidade que me ensinam a encontrar os contornos certos quando os traços parecem nebulosos e impedem um desenho perfeito. Letras que me ajudam a pensar e a Ser cada dia mais Eu.
Tacteio o carinho do teu olhar e, num ímpeto profundo, quero desfazer-me em ti.
Deslizo no manto envolvente das tuas mãos e cubro-me com a tua pele sedosa, que me desperta e abrilhanta em raios de sol da alvorada.
De olhos bem abertos vejo-te em meu redor, mergulhados neste universo único que criámos e que alimentamos em cada página de vida que escrevemos a dois, sempre presentes, sempre Nós.
Ressoam de nós os ecos deste imenso querer que, embatendo nas paredes duras do mundo, se recolhem na dimensão onde existimos e que só a nós pertence...O Amor!

19 junho 2009

Ecos No Silêncio


Vôo pelos meus pensamentos mais íntimos e vejo que tudo só é inteiro nos meus sonhos secretos.
No silêncio das horas que não são escuto o eco do vazio deste tempo morto.
Tempo que me dá e tempo que me tira. Tempo com que já lutei mas que agora apenas me entristece profundamente na falta de tanto que não me dá.
Não quero...mas lanço os olhos p'lo tempo que virá e assusto-me com o que não sei mas que a vida me faz prever.
E marcam presença aquelas certezas que não quero...mas que vivem no limbo da minha razão, ecos do pessimismo que amordaço mas que, em certos tempos, se liberta e ganha terreno no desenho da vida...

14 junho 2009

Terapia do Elogio


Estudos recentes revelam que os membros das famílias estão cada vez mais frios, o carinho deixou de existir, não se valorizam as qualidades e as críticas são quase permanentes.
As pessoas estão cada vez mais intolerantes e desgatam-se a valorizar os defeitos dos outros.
Por isso muitos relacionamentos hoje não duram.
Já não se vê os homens a elogiar as suas mulheres ou vice-versa, os chefes não valorizam o trabalho dos subordinados, pais e filhos não se elogiam.
Só vemos pessoas fúteis a valorizar artistas, cantores e outros, que usam a imagem para ganhar dinheiro e [falso] prestígio. Claro que, por consequência, estas pessoas sentem a obrigação de cuidar da sua aparência exterior, desvalorizando o que é mais importante.

Esta ausência do "elogio" afecta muito as famílias e qualquer outra relação entre as pessoas.
A falta de diálogo, o excesso de orgulho... impede as pessoas de dizerem o que sentem.
Acabam com os seus casamentos e procuram noutras pessoas o que não conseguem dentro das suas casas.
Vamos recomeçar a valorizar a nossa família, os amigos e todos os que connosco convivem todos os dias. Vamos elogiar o profissionalismo, a ética, a beleza, a perseverança, o bom senso e todas as qualidades que podemos observar nos outros.
Vamos ter o cuidado de observar o que as pessoas gostam. Todos nós gostamos de ser reconhecidos e valorizados.
Como seres humanos, é impossível vivermos sozinhos e os elogios verdadeiros que recebemos são parte da motivação para que, face à realidade dura que temos de enfrentar, consigamos levar em frente os nossos projectos de vida.
Quantas pessoas conseguiremos tornar mais felizes se as elogiarmos por alguma coisa boa que façam?...

06 junho 2009

No Silêncio...


No silêncio
do meu silêncio falado
dançam letras e imagens,
digo palavras que não digo,
canto tudo que não é cantado.
Sonho sonhos que não sonho
Percorro caminhos a voar
e grito a plenos pulmões
o grito que não posso gritar.

Sonho noites de Verão,
almofadas de jasmim,
suaves leitos de Primavera
com alvos lençóis de cetim.
Colho palavras de dor
essa que queria apagar
deitada no meu regaço
e com as minhas mãos sanar.

Sonho letras doutras letras
palavras, sílabas de amor
recantos, encantos, fascínios
num só canto acolhedor.
E vou...
corro em braços de ternura
enleio-me em lábios de mel
mergulho em beijos molhados
que me matam a secura.

No silêncio
do meu silêncio falado
pelo meio do céu estrelado,
canto a nossa canção
onde a tua voz é o tom
que me envolve a alma e me guia
me aconchega e dá alegria
e enche o meu coração.

Grito...forte e profundo
este grande Amor tão fundo
tão grande que chega a doer.
Que se vive a cada instante
E cresce nos braços do tempo
para no infinito renascer.

No silêncio
do meu silêncio falado
vivo num mundo encantado
feito de lua e magia
que brilha em cada acordar
E em cada despedida
serena mas sempre sentida
eu conjugo o verbo Amar!

04 junho 2009

Morte

Algumas vezes penso em como há situações em que quaisquer palavras são absolutamente inúteis e pateticamente insignificantes. Existem realidades tão crueis quanto aparentemente sem justificação, que nos deixam bloqueados, de cérebro parado e ideias congeladas...
A morte, única e absoluta certeza que todos temos logo que nascemos, é a pior delas todas. Em qualquer circunstância e em qualquer idade...mas em especial quando a vida mal começou a ser vivida!
Já nem questiono "justiças" ou "injustiças", habitualmente imputadas a Alguém "Superior",  assim como já não questiono porque tantos passam por aqui num constante "cor-de-rosa e bolas de sabão" e outros são permanente e dolorosamente provocados, já o fiz e nunca encontrei resposta. Apenas e tão somente questiono o porquê. Qual é o sentido de tudo isto...desta interrupção abrupta de um tempo primaveril sem qualquer causa aparente.
Em última análise acabo sempre por pensar que o porquê último e maior está em todos nós, nas micro e macro sociedades que construímos e em que vivemos, nas quais investimos tão pouco de nós e que deixamos ser regidas por valores de alguma forma materialistas que as tornam frágeis e podres, em vez de darmos tudo por tudo e as transformarmos em verdadeiras sociedades de valores humanos...Em última análise, o pior mal de todos somos nós, Humanos, que desperdiçamos o tempo que nos é concedido em tanta coisa inútil e mesquinha, nos preocupamos com futilidades e deixamos de lado o verdadeiro sentido da vida, os sentimentos, a afectividade, os valores.
O facto é que esta dura realidade cai em cima de muitas pessoas e lhes tolhe a vida por inteiro, às que partem em definitivo...e às que ficam, que se interrogarão em todos momentos...Porquê?
A todas aquelas que já se confrontaram com ela, "A Morte", a pegaram  pelos cornos e deram a "volta por cima", não permitindo que essa p*** as matasse vivas, a minha homenagem, humilde e insignificante...mas sincera. Sei quanta força é necessária, quanta coragem, quanto amor à vida é preciso ter para não se ser derrubado para sempre...

01 junho 2009

Perguntaste-me Porquê...

...E, num tempo em que as palavras se submetem a outros sons, as mãos falam e a junção das peles respira a completa simbiose dos sentidos, fugiram-me todos os significados e emudeci neste pleno diálogo de tacto e sabor, numa timidez que me tolhe a razão, dando-te a resposta mais incompleta possível. Uma resposta que fica aquém de todas as respostas, essas que só se tornam sentido no nosso Universo de Sentir, num "Para Sempre" imenso de Amar e Querer, na infinita e absoluta certeza da união imensa que nos liga e da afinidade que alcançámos que nos revestem de uma força imbatível, onde espaço, tempo, geografia e qualquer obstáculo são meros pormenores que apenas nos conseguem aproximar ainda mais.
Calando as bocas com beijos molhados, solta-se um riso feliz do silêncio murmurante dos corpos, no urgente e total desvendar de segredos só nossos, em que no outro nos esquecemos de nós e nos vivemos em pleno numa dança onde cada volteio retrata o êxtase da erupção dos rios que soltamos.
Passeias-te na minha pele, envolves-me na doçura dos teus lábios, desvendas-me a cada movimento dos teus dedos e tomas-me completa, enquanto eu me absorvo de ti e gravo no meu corpo cada gota das tuas mãos e cada toque da tua boca, que perduram em todos os futuros.
Numa linguagem sem vocábulos que a consigam traduzir, envolve-nos suavemente o manto da idílica pintura perfeita onde os olhos em sintonia escrevem palavras que só se podem traduzir num "Amo-te" profundo e mútuo sem limites ou condições.
E é essa a resposta completa, esse "Amo-te" profundo, perdido deste mundo mas neste mundo vivido, que nos envolve sem contornos, nos mistura em nós, nos faz perder do mundo em alegrias desenhadas nos sorrisos, nas respirações ofegantes sussurradas aos ouvidos, nos aromas âmbar dos néctares de Amor. Descobres-me sempre!
Agora, aqui, nestas palavras que te direi ao ouvido, tens a tua resposta, a nossa resposta, o porquê de todos os porquês, a envolvência do calor dos corpos que se aquecem no frio dos Invernos, uma aconchegante morada de ternuras e afecto povoada de ontens, hoje e de todos os amanhãs que já vivemos e que prosseguirão nesta estrada em que proibimos a marcha atrás e que se estende pelo universo infinito do Amor!

30 maio 2009

Fundamental!!!

Finalmente, após muitas linhas já lidas, muitas palavras ouvidas e de assistir a muitas ideias desconcertantes e desconcertadas propangueadas à toa, encontro alguém [aqui...] que não se perdeu no tempo nem no espaço e consegue ainda identificar como o verdadeiro cerne da educação a relação entre educador e educando, assim como não esqueceu que a intuição inerente ao ensino-aprendizagem é um factor básico e essencial, não quantificável, fundamental para se alcançar o sucesso.
Alguém que não inverte a ordem dos factores e que percebe o quão castrador se está a tornar todo o sistema educativo, quer para os alunos quer para os bons profissionais do sector, que hoje se sentem completamente marginalizados e desenquadrados, quando espartilhados em linhas, grelhas e parâmetros.
Ao erradicar, de uma forma diplomaticamente camuflada, a verdadeira relação empática entre os intervenientes no processo, mata-se o mesmo logo à partida, cortando todos os laços afectivos que devem servir de suporte a qualquer relação humana e que forçosamente devem ligar quem ensina e quem aprende...

28 maio 2009

Um Tempo No Tempo

A vida é feita de tempo, esse que é feito de pedaços de tempo que juntos formam dias. Os dias, no seu decorrer, fazem nascer pessoas. Pessoas que crescem em paisagens diferentes, mas que esse mesmo tempo que as criou acaba por juntar num determinado tempo, assim como um dia as fará separar por existirem dois planos diferentes no tempo.
Mas, quem neste tempo se encontra, se desfruta e se realiza no e com o outro, jamais se perde em qualquer parte desse tempo, porque existe vida dentro da vida onde vive quem, por momentos, se ausenta de nós, mas que sempre, em cada tempo, está presente e connosco constrói uma nova vida.
Por isso, de mãos dadas com a vida, ontem, hoje e amanhã te Amo e, ontem, hoje e todos os "depois de amanhã" continuarei a Amar-te. Habitas em permanência no meu espaço sem espaço chamado alma onde o tempo mora e o amor se expande sem limites.
Enquanto o tempo não separar o que juntou, realizamo-nos juntos, aqui, neste tempo e neste espaço. E um dia... talvez já em planos diferentes, continuaremos numa mútua e perpétua realização porque tudo o que o tempo junta e o amor une jamais se aparta, permanecendo, indelevelmente gravado na intemporalidade do tempo e sem limites espaciais, solidamente entrelaçado...

19 maio 2009

Que Europa...Que Mundo!

É triste! Humilhante, desencorajador...e tantos outros adjectivos que me escapam neste momento, mais um, de profunda indignação. Custa-me, já, sair à rua e saber que pertenço à mesma raça que pulula contente e feliz à minha volta.
Acabei de ouvir histórias de vida em que o ser humano é atirado para a situação degradante de nada ter e se sujeitar, envergonhado, à caridade alheia - degradante e humilhante são palavras ainda demasiado fracas para descrever o que todas estas pessoas devem, com toda a certeza, sentir face à situação em que se encontram, quando se deparam com as empresas a fechar em catadupa, crianças em casa para sustentar, responsabilidades para cumprir e os meios para tal deixarem, subitamente, de existir!
E que brilhantes soluções são apontadas pelos grandes cérebros europeus! Reduzir, reduzir, reduzir...isto para o lado de quem precisa de trabalhar para viver. Reduzir horas de trabalho, o que implica redução do salário, reduzir número de trabalhadores, o que aumenta o trabalho que cada um terá que cumprir, deslocar trabalhadores...que terão, possivelmente, de carregar com a casa às costas tantas vezes quantas os patrões assim desejarem!
Mas nem uma única vez ouvi falar em reduzir margens de lucro, reduzir mordomias e benefícios a gestores, administradores, patrões, donos e outros que tais.
Nem uma única vez ouvi falar em acabar com o desvio dos lucros das empresas para os tais "paraísos fiscais" que, embora se condenem publicamente, se continuam a manter e a sustentar.
Nem uma única vez ouvi falar da tão apregoada solidariedade...onde anda ela, digam-me?!
Quem melhor poderá aplicá-la do que aqueles que construiram impérios à custa do trabalho de outros, que agora descartam como inuteis?
Quem melhor poderá aplicá-la que os governantes, políticos, gestores, administradores...que mantêm salários e benefícios luxuosos, tantas vezes somados com já gordas reformas e que ainda têm a "lata" de vir para os meios de comunicação social apelar aos que estão em situações já débeis?!
Quem, expliquem-me?
Que Europa esta... que Mundo este! Mas que só existe porque todos nós consentimos com a nossa inércia!!! Esta é a verdade dura com que todos nós nos devíamos deparar sempre que nos olhamos ao espelho.

17 maio 2009

Apenas Te Dou...

Queria dar-te o Sol,
a Lua, as Estrelas...
o Firmamento...
Rios, montanhas, planícies
O doce sabor de cada momento.
Queria dar-te o canto das aves,
o aroma de todas as flores,
o esvoaçar das borboletas,
do arco-íris...todas as cores.
Queria dar-te riquezas,
tesouros, maravilhas
e todo o universo...
Todas as palavras escondidas
na linha de cada verso.
Queria dar-te o calor,
o ar, a sombra e a luz,
a brisa que sopra serena,
o riacho cristalino...
e o seu brilho que seduz.
Queria dar-te lágrimas felizes,
sorrisos doces ao entardecer,
o conforto da lareira acesa...
loucuras de entontecer.
Queria dar-te Paz, Esperança e Serenidade,
Harmonia, Aconchego e Liberdade.
Tanto que te queria dar...
E apenas dou...AMOR!

16 maio 2009

O Futuro Morreu Ontem...

Dói-me a cabeça! ...Como se cá dentro inúmeros martelos pneumáticos empreendessem uma dessas modernas e megalómanas obras que me hipotecam o cérebro até à morte.
Parece que aqui dentro se instalou uma imensa sala de operações onde uma enorme e incansável equipa de mini-cirurgiões esgrimem os seus micro-bisturis e dissecam ao mais ínfimo pormenor todas as minhas ideias, pensamentos, todos os impulsos transmitidos aos neurónios..., dia após dia, hora após hora.
Párem! Um dia só que seja, párem! Eu concedo-vos férias. Pago-vos até uns dias de descanso numa dessas estâncias paradisíacas frequentadas pelo jet7, à semelhança do que fazem aos seus "promotores fantasmas" as grandes indústrias farmacêuticas.
Deixem-me viver Hoje, Presente, deixem-me Sonhar, Perspectivar, Saborear um dia de sol, Ouvir as cores das flores, Impregnar-me das fragâncias do Amor...
Permitam-me um dia de Vida...Mesmo sabendo Eu que o futuro já Morreu...!

13 maio 2009

Pandemia Mundial

"O maior cego é aquele que não quer ver"...máxima muitas vezes ouvida, utilizada e, cada vez mais, transformada em prática diária.   
O mundo está a ser atacado por uma pandemia, quem sabe mais grave que a Gripe A, o umbiguismo crónico-agudo,  que provoca alucinações, adormecimento da mente, ignorância e absoluta falta de bom senso. Não exige internamento nem sequer quarentena, mas mata de uma forma muito mais radical.
(Con)vivemos [quem sabe..."concubinamos"] com as maiores aberrações, bizarrias... (ver vídeo) chamem-lhes lá o que quiserem..., elevadas ao estrelato sob estranhos critérios (qualidade não é um deles, com toda a certeza), somos vítimas de absurdos legais nunca imaginados e que certamente algum dia irão pertencer aos anais da história (triste) deste nosso país, mas vivemos calados, metidos no nosso mundinho de merda, protestamos no café da esquina, falamos da vida do vizinho, invejamos o carro novo ou o casaco da "gaja", que só pode ter sido adquirido por meios menos próprios, e comodamente preferimos pensar que isso nos torna activos e intervenientes...mas fechamos os olhos para as maiores aberrações, que colocam em risco [se é que já não eliminaram totalmente] os sagrados valores da Liberdade, direitos e garantias dos cidadãos do Mundo.
A cada vez mais ampla informatização mundial e a quase consequente globalização da informação, que todos pensamos ser um direito inalienável, está presentemente sujeita à maior "guerra fria" de todos os tempos, encapuçada e camuflada pelas potências do mundo, aliadas aos poderes económicos que as sustêm. A antiga "censura", face a esta realidade, não passou de uma brincadeira de crianças a fingir que eram adultas, mas todos nós nos convencemos do contrário e consideramos que somos livres...quando já nasceu a prisão global...!

11 maio 2009

Pedido a Uma Mãe

Mãe,
tu que sempre andaste
de mão dada com o teu filho,
aproxima-te hoje e
abraça-o forte.
Segreda-lhe ao ouvido as tuas palavras de amor
e enxuga as lágrimas do seu coração.
Mãe,
não permitas que ele 
se desacredite de tanto que É;
empurra-o para o caminho que é Dele
e inspira-o docemente
com as tuas palavras e actos
de justiça e esperança.
Mãe,
ampara-o nestes momentos 
em que a desilusão é maior
e ele se sente cair,
tal como o fizeste quando, hesitante, 
ele deu os seus primeiros passos na Vida.
Ampara-o no teu regaço
e dá-lhe alento e coragem
para continuar com êxito
a luta diária de Viver Profundamente.
Ralha-lhe e mostra-lhe com firmeza
que amor e justiça têm de viver juntos,
que convicções não são descartáveis
e viver com integridade pode ser doloroso,
mas é uma vitória só conquistada por alguns.
Mostra-lhe também, como sempre fizeste,
que é Humano como todos nós
e que só alcança a sabedoria
quem dá a si próprio o direito a errar
sem culpas ou pesos...
Mãe,
dessa dimensão imensa onde vives
ama-o, como só tu o sabes Fazer...
Como são um pouco "Mães" as Mulheres que Amam...