29 setembro 2011

Pensamentos...de Outro Outono

[Apenas e só...mais uma hora.
...somada a tantas outras.
Esta vida é feita de 90% de espera e 10% de Ser.]

[Nesta permanente inquietação, encharco-me de ansiedade.

[Consegue haver mais intimidade no meio da multidão do que na quietude de quatro paredes.]

[Sem intimidade, perdi o meu lugar de actriz.
Agora sento-me na plateia, vendo e ouvindo...
E só à hora marcada...]

[Se percebêssemos, no início, a inutilidade da nossa vida, pediríamos para adormecer logo no começo e só acordarmos para assistir ao desfecho final.]

[Por norma acredito no que (te) ouço.
Mas quantas vezes os actos me fazem duvidar...]

[Toda a soberba segurança que em tempos já exibi se foi.
Ficou este desiquilíbrio que dificilmente me permite dar três passos seguidos em cima da corda bamba que sinto debaixo dos pés.]

[Agora só. Em forma e em número.
Passeio a minha carcaça por este espaço vazio.
Que resta?...]

[Quantas vezes somos nós que secamos a fonte que repetidamente nos matou a sede!
Que ingratidão!...]

27 setembro 2011

Uma difusa faixa de um feio tom terroso atrapalha a limpidez da linha onde céu e mar se juntam mostrando-nos que nada tem um limite definido e tudo se pode prolongar para além do espaço e do tempo.
A ausência de contornos e o tom pardacento assemelham-na ao meu próprio horizonte onde a ausência de uma luminosidade clara transmite uma presença sem rumo.
Ao mar me entrego e nele me esvazio, pedindo-lhe que arraste nas ondas as mágoas, as angústias... pedindo-lhe que deixe mais leve o meu coração...

21 setembro 2011

Temporariamente Indisponível...



"Temporariamente Indisponível...",
será que sou eu que já não sei português ou há pessoas que insistem em não querer perceber português?!
Será que esta frase é diícil de entender?!...especialmente quando seguida de "por tempo indeterminado"...?
Para qualquer pessoa, digo eu, estas duas expressões, especialmente quando juntas, significam, no mínimo, uma longa e fastidiosa espera, face ao que só há duas opções, esperar calmamente ou simplesmente procurar o que se pretende noutro sítio qualquer.
Mas parece que não é assim. Parece que para algumas pessoas estas palavras querem simplesmente dizer que todos os dias e a toda a hora se tem que perguntar "demora muito?", "já está disponível?"...ou qualquer outra coisa assim.
Acho que vou colocar uma tabuleta de "Fechado para balanço"!
Ou, melhor ainda, "Falência - encerramento definitivo" (não fraudulenta, claro). Aliás, com algumas secções do stock em ruptura completa e outras quase a lá chegar, seria a aitude mais acertada a tomar...
Para além disto, digam-me, se souberem: consegue-se dar oportunidades ao que não existe? ... especialmente no que diz respeito a sentimentos?!...
Pois, a mim também me parece que não. Não se trata de uma demonstração de capacidades de trabalho ou da segunda época de exames em que se tem outra oportunidade para mostrar o que sabemos.
Sentimentos, ou nascem...ou não nascem. Se nascem, aí sim podemos cultivá-los, alimentá-los, ajudá-los a crescer... ou simplesmente ignorá-los, colocá-los de lado e tentar que morram.
Mas quando não nascem, ...nada a fazer, simplesmente não se podem "obrigar a nascer"...
Enfim, questões que vão surgindo num dia a dia simples e monótono de qualquer um...

17 setembro 2011

Deve Ser Karma...


Se há dias em que sinto o peso do mundo em cima dos meus ombros, este é um deles.
Perseguem-me imagens, palavras, instantes...onde quer que eu vá, faça o que fizer.
Invadem-me as noites que transformam em pesadelos de saudade, vestem-me os dias de tecidos de amargura, desconfiança, incredulidade.
Deve ser karma... Dizem que há vidas em que se pagam os erros de outras vidas. Eu devo estar a pagá-los todos de uma só vez.
Ou talvez não, talvez sejam apenas os males desta vida a cobrar juros, bem altos por sinal, e a levarem-me à penúria de sentir.
Se, por um lado, me apetece fechar os olhos de dentro e deixar-me ir na futilidade do tempo, por outro, a força da consciência acrescenta toneladas à culpa que, sem saber de onde vem, quase me atira ao chão...

05 setembro 2011

Puzzle da Vida





A vida parece um carrossel gigante,
montanha russa onde um carro descarrilou
partindo-se em mil pedaços
quando no chão se estatelou.

Pedaços que voam ao vento e se perdem dispersos
como peças de um puzzle onde não se fazem versos.

Depois oferece-nos pedaços de volta
retalhos que não sabemos encaixar
neste puzzle imenso onde nem sempre temos lugar,
neste interminável jogo que nos faz jogar.

De repente eleva-nos nos ares
numa dança de graça e beleza para nos reconquistar.

Quere-nos de volta na brincadeira
não importa de que maneira
Empurra-nos para o meio do turbilhão
...quando apenas queremos ficar fora da multidão.

Também se compadece, às vezes,
e nos traz dias de sol com raios de luar...
onde espraiamos os nossos sentidos sem medo de caminhar
onde temos paz e nos apetece aconchegar...