23 agosto 2009

Ser Mãe

Mais um amanhecer cinzento raiado de sol, em que te procurei na luz que lá de fora me desperta. A confusão aumenta em meu redor em gritos e lágrimas que me doem, em palavras que traçam ameaças e chantagens infantis e patéticas. No meio desta amálgama de sentimentos que não são meus, eu procuro apenas a paz que me transmites e a lucidez que me acompanha quando estás em meu redor. Pressinto que as minhas palavras de nada valem e que apenas me resta assistir a este desmoronar constante de vidas, sem rumo, sem traçado, sem futuro. Quase me sinto cair também naquele estado de semidesistência moribunda e desejo ardentemente a voz que me ajuda a levantar a cabeça e a seguir, confiante, o meu caminho, por entre esta angústia que me consome, os gritos roucos que calo e o nó que me aperta a garganta. Parece que a minha vida se desenrola em duas vidas paralelas e me desdobro em personagens diferentes, que ganham vida sem que eu o permita. Sei quem sou e o que sou, mas há alturas em que não me vislumbro e me torno incapaz, manietada entre razão e emoção, de saber o que fazer ou, sequer, se poderei realmente fazer alguma coisa. Com difculdade me encontro neste remoinho desarranjado que me cerca e a todo o custo tento preservar a clareza de espírito que me permita levar a bom porto esta tarefa tão ingrata quanto maravilhosa que é Ser Mãe.

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