10 setembro 2009

Fidelidade vs. Lealdade

Lí há dias um artigo em que, falando sobre política, se adoptava uma abordagem algo diferente do habitual e, diferenciando os conceitos fidelidade e lealdade, se constatava como é comum nos dias de hoje ser-se fiel e, simultaneamente, completamente desleal. O que à primeira vista parece contraditório, de facto torna-se claro se nos dermos ao cuidado de observar e reflectir sobre o que se passa à nossa volta, desde as relações meramente sociais, até às relações pessoais, supostamente íntimas e profundas. É habitual vermos relações que apenas subsistem pela presença de elos tão frágeis quanto cómodos e facilitadores da vida diária. Elos aparentemente fortes mas que apenas se alimentam de rotinas, conveniências e "imagem". E se, de algum modo, a envolvência dessas relações sofre um abalo mais forte, logo esses laços se quebram porque deixam de cumprir as suas funções e as relações enfraquecem de imediato. Existe uma fidelidade conjuntural permanente e uma completa ausência da lealdade real que fortalece sentimentos e aproxima as pessoas. A lealdade que alimenta grandes causas, grandes vidas... Manter a fidelidade a sucessivas conjunturas, por muito cómodas que sejam, pode levar ao desmoronamento completo dos alicerces que deveriam sustentar as relações, a lealdade aos sentimentros que unem os intervenientes. Por isso se diz que hoje "já ninguém morre de amor"... Criam-se e matam-se relações com a mesma facilidade com que se muda a pintura das paredes de uma sala porque não condiz com a mobília nova. Criar, manter, alimentar e amadurecer sentimentos duradouros e profundos implica um trabalho, uma dedicação e uma entrega que poucos estão dispostos a assumir, até porque muitas serão as ocasiões em que as envolvências se tornarão fardos pesados e aparentemente impeditivos do acarinhar da relação. No entanto, não resta qualquer dúvida que apenas vivendo profunda e dedicamente os elos afectivos, com a crença vincada na existência de "finais felizes", se conseguem construir relações sólidas, verdadeiras e duradouras...as relações de Vida.

1 comentário:

  1. Já ninguém morre de amor?

    Não quero crer.

    É verdade que se morre mais pelo dinheiro...

    Mas ainda há os antigos...

    Bjs

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