01 outubro 2011

Laranja-Sol


Uma tarde que se iniciou ansiosa dos primeiros passos, facilmente quebrados por entre palavras e o tinir dos cubos gelados nos copos altos. Porque será que guardamos em nós tantos receios?! ...
Timidamente roçam-se as peles, as mãos... os corpos. Mesmo sem música, dança-se com harmonia na descoberta de outros passos e outros volteios quando nos permitimos descobrir que, afinal, não estamos sós. Em inocentes brincadeiras, deixamo-nos viver nas gotas suadas dos anos e dos cansaços.
As últimas cores quentes ainda iluminam esta planície de serenidade, quando o céu espelha este laranja-sol outonal. Horas pacíficas, aconchegantes... onde me quero perder para me reencontrar, em palavras e actos, em alma e gente, em sentir e ser.
Passeios, pela paisagem e por nós próprios, levam a descobertas de vizinhanças ocultas que tendem à aproximação. Recordações, infâncias, momentos gravados fundo que, perenes, se retêm no baú das memórias doces e queridas e vão contribuindo para a construção de um novo presente. Um Presente-presente, oferta a que nos damos direito pelo simples facto de estarmos vivos.
Descobrem-se as barreiras que construímos, pintadas de timidez e da falsa segurança que encobre todos os medos. O livro vai-se deixando abrir e vamos lendo, letra a letra, novas páginas da vida...
Cai por fim a noite e com ela a intimidade de espaços menos iluminados que conduzem a uma maior quebra de distâncias  e pedem que simplesmente nos abandonemos a nós, esquecendo os temores e os fantasmas... E no final um "Até Breve!" que se anuncia desejado... 

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